domingo, 19 de setembro de 2010

Qual o preço?

Você sabe o preço por ser autêntico? E acho que estou aprendendo esse preço, mesmo sem saber qual o resultado final dessa condição que deve ser paga.

Durante muitos finais de semana, amigos da minha faculdade e eu nos encontramos em algumas repúblicas para podermos conversar, comer petiscos e beber muito (coisas típicas de universitários que se encontram com pouca grana no sábado a noite). Na minha galera existem pessoas dos mais diversos tipos, na verdade minha faculdade e curso mesmo sendo de exatas/biológicas/tecnológicas é muito eclética, e isso permite que os mais diversos tipos de pessoas interajam entre si (vocês se espantariam com o perfil de pessoas que acho por lá).

Na noite de ontem tivemos num mesmo ambiente, um gay assumido, uma "hetero" (que na minha opinião ele é uma pessoa que ainda tem conflitos com relação as preferências dele), a sua peguete/namorada/loira muda, uma amiga muito querida minha que é super mente aberta com relação a sexualidade/política/assuntos de trato social e uns caipiras que, e acordo com outra amiga minha (que não estava presente infelizmente) sempre brinca dizendo "dado que é feio, não importa a sexualidade dele", mas que pra mim o gaydar apitou pra 2 dos 3. Mais pra meio da noite veio um amigo nosso que é "playboyzinho", tem tudo do pai, pensa só no seu nariz, e é fã de sexo pago com os mais diversos tipos de indivíduos com contexto feminino, onde até travestis já disse ter "contratado o serviço".

Bom, antes de contar pontos fortes dessa noite teria que fazer uma prévia das pessoas presentes. Nós estávamos na sala e pra passar o tempo sempre desenvolvemos brincadeiras que gerem assunto, ou "sueca", ou "eu nunca", ou "jogo da verdade", mas o que nunca tinha brincado e dessa vez brinquei foi de "5 minutos sem perder a amizade". Esse jogo consiste em falar o que quiser para determinada pessoa e essa discussão de estende por 5 minutos, depois desse período de tempo outra pessoa é escolhida para falar algo pra alguém que se tenha interesse.

Eis que no ponto alto da noite e da brincadeira, com N assuntos (entre eles sobre sexualidade) um dos caipiras presentes indaga a minha sexualidade e até onde fui com um homem, acho que para qualquer pessoa que queira assumir uma postura mesmo que seja parcialmente homossexual ( o que é meu caso já que também fico com garotas e curto da mesma forma que com rapazes) sente aquela sensação de "é o momento" quando escuta alguma pessoa estranha o indagando sobre isso. Eu muito discretamente ( como Lord/macho que sou XD) respiro fundo e digo que já fiquei com caras e que o limite que eu cheguei foi o mesmo que já cheguei com relações heterossexuais. Eis (novamente) que a roda para parcialmente, já que nenhum dos novatos desconfiava de mim. Mesmo isso não tendo relevância para as pessoas naquele ambiente, sei que comentários posteriores sempre aparecem, não é a primeira vez que me coloco e que acabo me expondo com isso (quero contar em próximas postagens essas histórias de exposição para os que ainda estão no armário é sempre bom poder ver histórias que ter postura, independente de sexualidade rendem compreensão das pessoas e respeito).

Mesmo antes tendo um medo grande (não sei se esse é o sentimento apropriado) com relação a essa minha exposição, vejo que é um preço a se pagar por ser autêntico, por poder ser eu mesmo em todas as esferas da minha vida, em poder ver que novas pessoas que vão se aproximar de mim irão fazer isso pelo fato de ser a pessoa que sou por completo e não por ser o Pietro que veste uma máscara hetero/apaziguadora/compreensiva/de alguém que é porto seguro para muitos e que potencialmente permitirá comentários/posições/indagações segregativas (porque sim, os heteros em geral sentem-se mais a vontade para denigrir gays/bi e afins quando em grupo exclusivo de pessoas do mesmo tipo). E isso não tem nada a ver com assumir uma identidade gay o não, é simplesmente poder desenvolver uma postura mais justa comigo mesmo e com as pessoas a minha volta, ter uma postura bem estabelecida, permite que um menor leque de especulações ocorram caso seja visto numa balada GLS, ou se acabo fincando com um rapaz ou garota. Também estou começando a aplicar isso em outras esferas da minha vida, não somente com relação a sexualidade, embora hoje em dia seja o que mais esteja aplicando.

É, uma máscara cai aos poucos, e eu posso sentir que essa está se desprendendo aos pedaços, em contrapartida a cada pedaço que cai uma parte de mim aparece e essas partes nem sempre são agradáveis a todos, nem agradáveis por completo pra mim, mas bem ou mal, é o Pietro. É quem sou.

Eu ouvi uma frase de um dos meus colegas que permite alguns poucos pensamentos de tão direta que é, acho que seria egoísmo não compartilhar ela com vcs

"Posso lutar contra o mundo sobre o que acho certo, mas não vou lutar contra mim mesmo"

Espero que essa frase os coloque pra pensar da mesma forma que eu pensei quando a conheci.

sábado, 18 de setembro de 2010

Eis o recomeço!


Apaguei tudo o que tinha escrito antes. Esse texto se coloca como um recomeço para que possa expor pra mais pessoas, pra mim mesmo e para poder ter um registro de como minha opinião tem se desenvolvido com relação a pessoa que sou. O homem que sou está na descrição ao lado ela é dispensável, mas o que queria com isso tudo é o que quero poder colocar a todos.

A busca pela própria identidade é isso que o 100 Máscaras propõe.
100 máscaras, já que hoje sou uma pessoa que tem N imagens que não condizem com o Pietro que existe atualmente. Um cara que vive uma máscara hetero sem que seja, que tem para os amigos gays, certa postura do mesmo tipo sem seja também, simplesmente uma pessoa com identidade diferente dos rótulos. Um universitário que convive numa vida de destaque, numa universidade de destaque, com exposição considerável, sem que tenha procurado essa posição. Filho caçula que dos 3 é o porto seguro dos pais e que infelizmente se torna pilar para os progenitores, no entanto, as vezes fica sem “pé” pra se firmar, mas que tem que ser o “solo” pra que os seus pais possam se firmar e ter referência. Enfim, existem muito mais Pietros nesse que os escreve, mas que infelizmente seria perda de tempo discorrer sobre eles, se faz melhor poder falar sobre as situações do dia-a-dia para poder entender melhor sobre minha identidade.
Espero imensamente que esse blog seja um bom ponto de discussão e que eu possa crescer como pessoa com ele (assim como os que eu sei que o acompanharão também crescerão), derrubar certas máscaras, assim como fiz algumas vezes e que compreenda melhor qual a minha identidade para que tenha referência no mundo que me cerca.